REGINA BARROS LEAL – Membro titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa – Cadeira nº 24
Perplexidade
Não sei ao certo o que sinto
Foi tudo tão repentino!
Se é dúvida, tristeza, conflito ou pranto?
Expectativa, nem tanto
Dor, não é
Perplexidade! Sim.
Não sei ao certo o que sinto
Foi tudo tão repentino!
Se é aflição, medo, susto, temor
Dor, não é
Perplexidade! Sim
Então, início minha prece
Entrego, meu corpo ao Divino
Acalmo, minha alma aflita
Na fé, no amor, no sublime
Cresço, no temido caminho
Vivo, o presente alongado
Intenso, sentido e preciso
Vontade, no percurso almejado
Sorrio, então com a vida
Coloco vida, no pranto!
Afasto meus dissabores
Percorro, um trajeto de flores e amores
Na entrega inteira da alma
O meu coração se acalma
Aloco a esperança, na minha inspiração
Alcanço o infindo cosmo, em sua imensidão
Encontro a paz!
Mistério insondável
Fui me alcançando, no trajeto interior
Percorri, o caminho com justo vigor
Compreendi, no longo instante,
A beleza da prudência
Vi o raso e o profundo
A clarividência
Tudo e nada, antes e depois, possibilidades mil
Com sólida confiança,
A espiritualidade surgiu
Na batalha, interior, persisti sem hesitar
Pois, na luta incluí
A certeza de me encontrar
No caminho arriscado, busquei a benevolência
Dominei meus pensares
Com toda consciência
Ouvi o som falante, no silencio do instante
Transcendi a fria forma
No espaço cantante
Descobri algumas sombras!
Efeitos fascinantes
Conheci o fluxo etéreo, e seus meios fundantes
Reneguei assim o acaso
O que não via antes
Perseverei na coragem, no ato consequente
Abafei o pranto, no sutil anseio ardente
Não sei quando será!
Não sei quanto, mas certa sou
Do inconcluso permanente
Simbólico e paradoxal,
Um mistério fulgente.