Predicação verbal – Transitividade verbal

Raimundo Holanda, membro titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa – Cadeira nº 22

Como introito, o dicionário eletrônico, Houaiss, apresenta estes conceitos de predicado.

  1. “Relação semântica existente entre um predicado e um argumento, pelo qual o predicado atribui propriedades à entidade representada pelo argumento”. Ex. A Academia Cearense da Língua Portuguesa congrega plêiades de estudiosos do vernáculo (grifo nosso).
  2. “Aquilo que se afirma ou se nega a respeito do sujeito da oração (p.ex., na frase ele é o maior mentiroso que já existiu, o predicado é quase tudo, com exceção de ele; na frase morreu o maior mentiroso que já existiu, o predicado é morreu)
  3. “Termo ou conjunto de termos atribuíveis, por meio de uma afirmação ou negação, ao sujeito de um juízo ou proposição”.

As gramáticas de nosso vernáculo, de modo especial, as tradicionais, classificam os verbos quanto à predicação em: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto; intransitivo; ligação.

Faz-se necessário entendermos o conceito de transitividade.

Mattoso Câmara Jr., In: Dicionário de Linguística e Gramática, 11ª edição, conceitua Transitividade sob dois sentidos: 1) “estrito – necessidade, que há em muitos verbos, de se acompanharem de um objeto direto que complete a sua predicação”. No latim, língua de casos, esse complemento indispensável é expresso pelo acusativo. (V.g. Mater filiam pulchram amat).

O nome TRANSITIVO, dado a tais verbos em latim, decorreu da sua possibilidade de poderem passar para a voz passiva, numa transformação em que o objeto é feito paciente, no caso nominativo. Essa transformação existe em português. (V.g. Pedrinho vê fantasmas; fantasmas são vistos por Pedrinho).

Ler mais…

O Latim e o ensino da Língua portuguesa

RAIMUNDO DE ASSIS HOLANDA, membro titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa – Cadeira nº 22

1. O Latim e os dialetos – Breve retrospectiva

O Latim, enquanto idioma, existia desde os tempos pré-históricos, porém foi a partir do século III a. C. que passou a adquirir uma forma literária, construindo-se aos poucos uma gramática com regras explícitas, cuja consolidação se deu por volta do século I a. C., que é considerado o período clássico do latim.

Ao lado do latim clássico, falado e escrito por pessoas letradas, havia o latim popular, latim vulgar, que assumia formas livres e sem a precisão de regras gramaticais, língua falada por pessoas do povo, a plebe.

Deste latim popular, originaram-se as línguas românicas, ou neolatinas, dentre elas, o português, o espanhol, o francês, o italiano.

A partir do século III d.C., com a expansão do cristianismo, a língua latina, com influências eclesiásticas, predominou no ensino do latim, até o início dos anos 60. O latim passa a ser considerado língua morta. Nas palavras de João Bortolanza (UFMS): “com isso, o que morreu foi a diacronia do português”. 

Ler mais…