Regina Barros Leal
Leva a lugares secretos da soleira pertinente
Aos sonhos figurados, intrigantes, esconsos
Ao verde, à nostalgia sombreada e indolente
Ao ruído do silêncio no sufoco dos infensos
Traz o inédito do momento, a volta, a divisa
Moendas do passado, quintal de estórias mil
A tristeza, a agonia, o corpo enrugado, secura
A noite sombreada, a retorcida insônia precisa
Porta uma mochila de histórias indizíveis
Mais passado do que futuro, mais solidão
Tristeza solar, sorriso cativo, riso resolto
É paradoxo, é antítese, é o pão, é a água
Mostra o poeta, o eu lírico, a montanha de si
A porta fechada, uma janela aberta, uma trilha
Um desânimo, uma euforia instável, uma prova
O fio de prata, o ferro batido, o ouro reluzente
Desponta proximidade do término sem data, mistério
O sentimento da mortalidade e da imortalidade em questão
A sabedoria do sagrado, a desertificação, o encontro de si
O adeus às coisas inúteis, o arredor dos eternos enigmas
Revela esperança no devir da permanência
Traz nuvens etéreas plenas de perdão infindo
Resgata o puro amor sumido nas eras
Chora a partida nos gestos de ternura