Naquele verão, senti um frescor interior ao assomar à janela de minha alma e experimentar uma sensação de deleite. Nos arredores de mim, por atalhos sutis, um perfume invadiu meu corpo, vi uma névoa diáfana envolvendo os contornos de meu coração na cálida noite. Observei os encantos e ouvi cantos de uma composição divinal, acordes de um violoncelo suave e eufônico.
Percorri um trajeto interior e, ao olhá-lo, observei uma borboleta de cores mil voando por entre os belos fios que enlaçavam o meu coração pulsante. Percebi minha alma ampliando-se ao som dos ventos do amor naquele inefável instante. Foi um momento ímpar!
Neste cenário, no qual as janelas do nascer e o pôr do sol das lembranças permitiam a entrada de puras infusões, compreendi que nem a beleza do casarão familiar, do sítio encantado do meu pai, da casa do meu avô e de tantas outras que me revelaram primor e surpreendentes paisagens me trouxe tais sentimentos de plenitude e êxtase sagrados.
Eu compreendi, então, por onde se esgueiravam a bondade, a justiça, a benevolência e o amor que me robusteciam. Era o meu Eu em conexão com a divina sabedoria.
Regina Barros Leal